Alencar, José de2020-01-062020-01-062019http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/39119Prefácio de Diana Navas3ª ediçãoSe, simbolicamente, Iracema representa o nosso país antes da chegada dos colonizadores, é possível constatar nesse retrato o intenso nacionalismo que paira sobre a escrita de José de Alencar. A harmonia e a pureza intocáveis de Iracema apontam-nos para o retrato idealizado de nossa nação – uma espécie de paraíso, também ainda virgem, intocado –, mas cuja perfeição será destruída com a chegada do europeu. Destaca-se, nesse retrato nacionalista, a exuberância de nossas paisagens, que recebem forte impregnação poética, e de nossos primitivos habitantes, bem como a relação de estranhamento e fascínio que se estabeleceu no encontro das duas raças. Chama-nos a atenção nesse romance a linguagem utilizada por Alencar. Considerando que seu intento era a criação de uma língua brasileira – autônoma e independente dos padrões da língua colonizadora – compreendemos JOSÉ DE ALENCAR • 11 • o vocabulário a que recorre na construção do romance. Fiel às nossas tradições, o autor se vale de termos indígenas, desejoso de, dessa forma, criar uma língua própria para nosso país. Nesse aspecto, o autor foi também desbravador: um inovador da linguagem literária e um dos responsáveis pelo abrasileiramento da nossa literatura por meio de um gênero que ainda engatinhava em solos brasileiros: o romance. Iracema, conforme a leitura poderá comprovar, é uma obra que resgata nossas origens e nos convida a conhecer um período literário essencial para a construção do que hoje denominamos Literatura Brasileira.106 p.pt-BRLiteraturaPersonagensBrasilIracemalivro